Com quase trinta quilômetros de circunferência e instalado a uma profundidade de aproximadamente 100 metros, o acelerador de partículas lhc, sigla para Large Hadron Collider, é uma das expressões do engenho humano, comparável em escopo apenas à exploração espacial e ao mapeamento do genoma.
Num projeto de mais de duas décadas, que envolveu milhares de engenheiros e pesquisadores de cerca de cem países, e que contou com o envolvimento de dezenas de universidades e centros de pesquisa, o lhc foi concebido com o intuito de aumentar nosso entendimento acerca da estrutura da matéria e do cosmos.
Além de levar ao limite do possível as investigações de ponta da física de partículas, o lhc é também um celeiro de tecnologias que tiveram grande impacto em nosso cotidiano, das técnicas modernas de ressonância ao próprio surgimento da internet. Situado na fronteira entre a França e a Suíça, e gerido pelo cern, um consórcio europeu de pesquisa nuclear, o lhc foi o responsável por desvendar recentemente um dos maiores mistérios científicos de nosso tempo, ao provar a existência do bóson de Higgs, uma partícula que explicaria a origem da massa de todas as partículas elementares.
Em 'O cerne da matéria', o físico brasileiro Rogério Rosenfeld retraça o caminho que levou à construção do lhc. Do ponto de vista privilegiado de quem trabalhou como pesquisador no próprio cerne, na Suíça, utilizando dados do lhc para seus estudos, Rosenfeld desvenda a batalha política que culminou no acelerador. Mais que isso, oferece um panorama histórico dos avanços científicos atrelados ao lhc, inserindo a descoberta do bóson de Higgs numa narrativa esclarecedora e empolgante sobre as fronteiras da ciência e sobre os homens que ousaram desafiá-las.
AVALIAÇÕES LEITORES