O tema da infidelidade no casamento já havia ocupado Tolstói na década de 1870, quando redigiu Ana Karênina, uma de suas obras-primas.
Em A Sonata a Kreutzer, que veio à luz mais de dez anos depois, o tema retorna com uma inten- sidade fora do comum, potencializada pelos anos de crise religiosa do escritor. Aqui, para além da questão da fidelidade no matrimônio, Tolstói investiga de forma aguda o desequilíbrio nas relações entre homens e mulheres, e a hipocrisia de que se reveste o comportamento sexual em sociedade.
Lançando mão de sua própria experiência, bem como de ideias, fatos e motivos que colheu à sua volta, Tolstói produ- ziu um texto excepcional. Como observa Boris Schnaiderman no posfácio desta edição, se por um lado é impossível concor- dar com as teses levantadas pelo protagonista Pózdnichev, que em parte refletem posições do próprio escritor, também é impossível permanecer indiferente a esta narrativa absolu- tamente singular, que arrasta os leitores com seu tom exalta- do e arrebatador.
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