Nunca tive vergonha do meu corpo, embora meus dois irmãos achassem que eu deveria ter.
Andava apenas de calci- nha ou mesmo despida dentro de casa, até meus peitos crescerem tanto que se tornou impossível lavar a louca do almoço sem que eles mergulhassem na pia cheia de detergente.
Foi quando meu pai pediu que minha mãe esclarecesse para mim as diferenças entre meninos e meninas, e então meu busto foi encarceirado para toda a eternidade em grandes sutiãs de bojo acolchoado que ela mesma comprava, muitas vezes em lojas de gestantes, para que eu me sentisse mais confortável.
Eu sou aquela que muda o cabelo e sempre fica pior, que sai de roupa nova e ninguém repara, que passa festas inteiras fin gindo que dança com os amigos, quando na verdade está dançando sozinha. A mulher feia não é apenas uma deformação da estética. A mulher feia é um estado de espírito.
AVALIAÇÕES LEITORES