Prefácio
As janelas românticas da recordação de Casimiro José Marques de Abreu (1839 - 1860) sempre deram para um paratso. Como testemunha o poema Meus Oito Anos enxergaram, no passado inacabado, um amplo jardim imortal, em que não cabiam desilusões, frustrações, perdas.
Dentro dessa fala subjetiva do poeta, o registro idealizado da reconstrução do seu ontem forjou uma aritmética da utopia no imaginário brasileiro.
Fez a mais elementar e esperada operação matemática: infancia "risonha manha" liberdade e plena felicidade Com a singeleza de um vocabulário e de uma gramática que se ajustam ao tema do texto e com o ritmo popular das redondilhas maiores (versos de sete silabas métricas). o autor eterniza, na memória do nosso povo, uma forma especial de a literatura se expressar. Exclamativa, exagerada, a linguagem do discurso poético consagra o transbordamento lirico que se fixou na alma nacional e recompõe, pela saudade,o tempo da ingenuidade, da pureza.
Vista assim, a infância que se descreve, em Meus Oito Anos, exemplifica o mundo do bem sucedido, o espaço do individuo, a ideologia da propriedade privada, um jeito de influir que t?m as nossas elites. Registra-se, nesse poema, um modo específico de vida dos filhos da burguesia usados como estereótipos de uma infäncia distante no tempo e na sua verdade em termos sociais.
Embora o censo não documentasse dados que contrariassem a verdade oficial, o bom senso determina que a realidade era bem outra. Afinal, a sociedade brasileira não se formava apenas com as casas-grandes, Nasciam crianças também nas senzalas, nas aldeias, nas construçoes das nossas periferias, Nascia a força de trabalho, a mão de obra que precisava acreditar que manga com leite fazia mal.
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