Forças do Trabalho: movimentos de trabalhadores e globalização desde 1870 é um livro que nasce de uma ampla pesquisa conduzida por Beverly J. Silver, professora da John Hopkins University.
Vencedor em 2005 do Distinguished Scholarly Publication Award, o mais importante prêmio concedido pela American Sociological Association, traz uma abordagem inovadora para o campo dos estudos do trabalho. A autora parte de uma nova base de dados, construída através dos registros de manifestações de trabalhadores ao redor do mundo, para estudar as relações entre capital transnacional e trabalhadores.
Esta base, construída pelo The World Labour Group, permite uma melhor compreensão do passado, e a análise das tendências globais da evolução da luta de classe e das inter-relações relacionadas com os acontecimentos nos diferentes países. Esta ampla base de informações, organizada por país, época e tipo de ação coletiva reúne 91.947 menções de protestos de trabalhadores em 168 países, ao longo de 126 anos.
É a partir deste ponto de vista inédito, e munida de grande conhecimento tanto da teoria quanto da história dos movimentos sindicais ao redor do planeta, que Silver conta a evolução das lutas da classe trabalhadora. O livro traz análises originais, como por exemplo a que a autora faz sobre as famosas greves dos metalúrgicos do ABC paulista nos anos 70.
A partir de dados dentro de um contexto histórico e geográfico mais amplo, ela localiza a greve dentro do panorama das relações capital-trabalho na indústria automobilística mundial e explica como o surgimento de forte organizações sindicais aconteceu em cada país onde este setor se instalou.
Silver dimensiona o impacto de questões como as mudanças tecnológicas e a mobilidade das plantas produtivas para países com salários cada vez mais baixos, como China, Indonésia e México, que criam problemas para movimentos sindicais em alguns países ao mesmo tempo que geram novas camadas de trabalhadores organizados em outros, assim como os diferentes níveis de enfraquecimento do poder dos Estados nacionais para impor legislações capazes de defender os direitos trabalhistas, o que desafia o movimento sindical para uma nova era de reviver o caráter internacional de sua luta.
Ao entender os mecanismos da luta dos trabalhadores para serem tratados como seres humanos, e não como meras alavancas para a reprodução do capital, Silver explica a dinâmica da luta cotidiana entre estes dois campos antagônicos, revigorando a área de estudo sobre o trabalho e projetando as tendências do futuro desta complicada relação.
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