As palavras do título combinadas com o quadro composto de vestidos farfalhantes, paixões
retidas e personagens que coram até a raiz dos cabelos podem levar o leitor a confundir 'A Época da Inocência' com os antiquados 'romances para moças'
. Contudo, à medida que entramos nos aristocráticos ambientes da Nova York dos anos 1870, a ironia ganha evidência. Ali, como em toda forma de sociedade, pureza é miragem. Wharton concebeu, ao fim da Primeira Guerra Mundial, esse retrato do mundo em que o descreve como antropóloga, atenta aos modos, e como psicóloga, sensível às tentações, sem ceder à imaginação romântica.
Ao adotar a perspectiva de um protagonista imobilizado pela contradição entre desejo e moral, ela reconstitui, sem nostalgia, as razões do fim de uma era, superada por outra, que valorizou as incertezas. Esse mundo extinto não deixa, porém, de exalar seu perfume
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